quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Parto



Terça-feira, 26 de janeiro. Acordei tranquilamente, tomei um belo café da manhã e sentei na minha sala pra assistir ao big brother no pay per view. Até então, um dia normal como outro qualquer.

Estávamos almoçando mamis, papis, minha avó postiça, D. Dayse, e eu. Mamis tinha médico e foi pra casa dela se arrumar. Papis ficou comigo me paparicando.

Eis que deitei cinco minutinhos no sofá e senti um mal-estar que começou bem levinho. Uma dorzinha nas costas. Pedi pro papis fazer uma massagem em mim. Fez, rapidinho. Mas a dor continuou. Senti um enjôo, e com ele, uma crise de vômito que só havia tido nos primeiros meses de gravidez. Percebi que algo estava estranho, mas não imaginava que havia chegado a hora.

Voltei pra sala e pedi ao papis pra ligar correndo pra minha mamis, pra ela cancelar o médico dela porque eu estava me sentindo muito mal e precisava ir pro hospital naquela hora. Papis, tadico, ficou tão nervoso que não lembrava o número do telefone de sua própria casa.

Nessa altura, eu já não estava falando. A dor foi crescendo, subindo nas costas toda, fui ficando sem ar.

Por sorte, mamis não tinha saído pro médico ainda. E veio correndo.

Fomos pro hospital. As quatro janelas do carro estavam abertas e eu completamente sem respiração. Não saia voz, só uns gemidos que iam aumentando a cada rua esburacada de São Paulo. O hospital fica a nove minutos de casa, mas naquele dia, parecia uma eternidade aquele caminho. Mamis ligou pro Dr. Érico e disse: “Dr. A Vivi está em trabalho de parto”.... aquelas palavras entraram no meu coração de um jeito forte, naquele momento, veio um misto de emoção, dor, medo, felicidade, ansiedade, enfim... tinha mesmo chegado a hora? Mamis ligou também pro Ri, pra ele já vir pro hospital porque dessa vez a Dudinha estava chegando mesmo.

Cheguei ao hospital, lembro que me colocaram em uma cadeira de rodas, que eu gritava, reclamava e pedia ajuda... mico, mico total! E no meio daquela dor, tive todo um protocolo a seguir. Tive que ser examinada, fizeram o cardiotoco pra medir contrações, batimentos da Dudinha, ver o estado dela dentro de mim. E eu lá, gemendo, chorando, pedindo ajuda pra tirarem aquela dor de mim. Ao mesmo tempo, eu estava feliz, minha filha estava chegando, faltava pouco, muito pouco pra conhecer o seu rostinho, sentir o seu cheirinho, uma mistura tremenda de sentimentos. No meio daquela dor toda, ouvi que a equipe estava preparada pro parto.

O Dr. Érico já estava no hospital. Estava num intervalo de uma cirurgia. Eram 15:30 da tarde. Lembro que liguei para algumas pessoas. Falei com o Ri, com a Mirelli, com a Kika, Sheyla, Simone e Bruakita. Falava e chorava. Nesse momento, estava já sedada e tudo foi ficando mais lindo, poético e eu com um pouco de medo.

No caminho da sala de parto, recebi um beijo da minha tia, palavras de boa sorte, bom parto, vai dar tudo certo.

Na sala de parto, já sem dor, comecei a querer a presença do meu marido ali comigo. Perguntava toda hora pra enfermeira. Mas naquele momento, chovia tanto que ela apenas dizia: “ está preso no trânsito, não vai conseguir vir pro parto”. Havíamos contratado uma equipe de filmagem, que por causa da chuva, também não chegou.

A enfermeira começou a me maquiar, esse foi o lado cômico... de tão nervosa que eu estava, ela queria me descontrair a todo custo. Passou lápis, batom, rímel... disse que estava pronta pra ser mãe. O anestesiologista me contou a vida toda dele enquanto aplicava a peridural.

Dr. Érico entrou na sala, eram 16:10. Nada de marido. Nada de autorizar outro acompanhante. Ele conversou comigo, perguntou como eu estava, se eu estava pronta, que não tínhamos mais tempo, a Dudinha não podia esperar o papai chegar, ela queria nascer logo. Enfim, autorizei o início do parto.

Os médicos conversavam sobre outros partos, outras cirurgias, e de vez em quando, eu ouvia “ tá quase”, “rasga mais”, “agora puxa”.... e de repente, ouvi um “ agora vaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii”. Um silêncio tomou conta do ambiente, ninguém falava nada. E eu ali, chorando pro mundo sem saber o que estava acontecendo. Nada de choro de bebê. Me deu um medo, uma sensação esquisita. Mas de repente veio aquele berreiro........... que se misturou com o meu. Com o das enfermeiras, da assistente, da pediatra, do anestesiologista, do Dr. Érico e do Dr. Vidal.

16:27. Nasceu uma pequenina menina, 2110kg, cabeluda e gulosa. Parou de chorar no meu ombro. Nessa altura meu choro era maior que tudo. Um sentimento de alívio, de amor incondicional, tanta coisa veio na minha cabeça, a falta de ter meu marido ali comigo, naquele momento mais importante pra nós.

Tiraram ela de mim, fiquei um pouco sem chão, sem saber se estava tudo bem. Lembro da pediatra falando que ia pesá-la e se ela tivesse menos de 2kg ia deixar ela na luz. Fiquei apavorada e atordoei o Dr. Érico.

Bom, naquele momento o Dr. Érico veio me dar os parabéns, a equipe toda, e começaram a me costurar. Daí percebi que algo estava errado. Que não terminava nunca aquilo, que o parto fora rápido e que o pós tava se estendo muito. Ouvi o Dr. Érico falar em hemorragia. Isso, eu estava tendo uma hemorragia. Segundo ele, era sangue que não acaba mais. Uma correria começou, as conversas se cessaram, e o ambiente ficou sério de novo. Não lembro de muita coisa depois. Lembro que demorei pra descer pro quarto, fiquei muito fraca, perdi muito sangue, vi minha família, o ri emocionado, a mirelli. Trouxeram minha pequena, deram algumas orientações que nem lembro.

Foi um parto difícil. Hemorragia, hematomas, transfusão de sangue, sonda, sedativos, crise de dor de cabeça pela anestesia. Passou. Não quero lembrar do que vivi na cirurgia pós parto.

O que fica? A maior riqueza da minha vida. Minha anjinha preciosa, delicada, miudinha, linda. Minha Maria Eduarda. Saudável. Perfeita. Esperta. Doce.
Apaixonante. Com ela já nos braços, a dor ficou pra trás. Só ela importa. Ali eu morri. E ali eu nasci. Nasci mãe. Realizada, feliz e completa.

Obrigada Deus pelo maior presente da minha vida. Pela família que estamos formando agora: Ri, eu e nossa pequena Dudinha. E os cachorrinhos, claro: Nicholas e Lalic.

Obrigada família por esse momento mágico e de renovação pra todos nós.

Obrigada amigos pelo carinho, torcida e dedicação nesse tempo de gravidez e nascimento da Dudinha.

Obrigada anônimos pelas mensagens dedicadas.

Obrigada Ri por me dar esse presente. O maior presente da minha vida. Da nossa vida.
TE AMO MEU AMOR


Vivi

3 comentários:

  1. obrigada vc minha irmã de alma e de coração e de todas as outras vidas. obrigada por me fazer uma pessoa muito mais feliz e com sentimento que nem eu sei dizer o que é. cada vez que vejo e sinto esse bebezico que chegou, tenho vontade de explodir de felicidade. obrigado pelo cor-de-rosa em nossas vidas e conte comigo pra tudo, sempre. amo vc!

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  2. Oi vivi!!!
    Vc lembra de mim? Sara de Portugal .. lá do grupo do maior sonho...
    Amiga sua dudinha é liiiiiiinda por demais!!!
    como vcs estão indo??
    Espero que esteja correndo tudo bem..
    Meu principe também está perto de chegar .. 9 semanas q falta.. se ele quiser esperar .. porque do jeito q o médico falou .. ele tá apressado pra nascer mesmo! Rsrs .. frescura desses meninos e meninas de agora ne??? rsrs
    Beijo grande pra vcs amiga e muita sorte em toda sua vida com esse seu rebento lindo!!

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